terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Michel Houellebecq consegue mexer com nossos sentimentos mais perversos e mesquinhos. Nos remete a casos/fatos/ situações ,digamos que, do cotidiano de uma criança normal.
Houellebecq não vivenciou apenas situações corriqueiras, vivenciou também cenas esdrúxulas e bizarras. Talvez isso explique um tantão da revolta do autor. As cenas são recheadas de vulgarismo, principalmente quando descreve a mulher, nem a própria mãe escapa das garras afiadas de Michel, não hesita em nenhum momento, muito menos a poupa " vádia, piranha, puta" adjetivos usados por ele para descrever a mãe.
Bom em certos pontos me identifico com o personagem Bruno, acho que as vontades do "EU" são necessariamentes mais relevantes em relação ao todo. Claro que a perversão com que ele trata as coisas não me atrai e nem me encanta, pelo contrário me assusta.
Partículas elementares possui algumas afirmações que são o pesadelo de qualquer mulher.

Ele confirma o medo íntimo de todas nós de que uma mulher está acabada sem beleza e juventude.

Mas não existe compaixão nos seus persoagens, então essa afirmação, apesar de parecer absoluta no sistema filosófico do livro,não pode ser comprovada. Como quase tudo no livro aliás.

é tautológico. Parece certo mas funciona em personagens sem capacidade de sentir qualquer ou sem mesmo alguma lucidez, no fim das contas.

Não é a toa que não existe saída no fim. Agora eu tenho uma queda por tautologias. eu sempre desconfiei que elas explicam o mundo. Então não existe saída dentro da lógica do livro e no final todo mundo morre. Mas a vida talvez seja assim mesmo.

Então apesar de uma certa vontade de pular da janela enquanto toma 150 comprimidos diluídos numa garrafa de vodka, você pensa. Mas bah. Eu não sou assim. Acho. Talvez. Quem sabe o mundo se salve. Ou não. Vou tirar os comprimidos e fechar a janela e ficar só com a vodka.

E o pior: segundo ele uma mulher nunca vai ser amada por um homem. Porque homens são incapazes de amar.

Eu não acredito nisso, a não ser, claro, para os homens de temperamente narcisista, o que é especialmente comum entre homens das humanidades. Escritores artistas arquitetos fotógrafos filósofos muito sensíveis e cheios de si. Porque é muito difícil amar outra pessoa quando se ama tanto a si mesmo. Nisso eu acho que o Houellebecq está certo.